Alguns mitos e verdades sobre Monkeypox- Varíola dos macacos

Alguns mitos e verdades sobre Monkeypox- Varíola dos macacos

Tempo de leitura: 6 minutos

– A Monkeypox foi criada em laboratório?

Mito – A Varíola dos Macacos é uma doença zoonótica, o que significa que pode ser transmitida de animais para humanos e vice e versa. Embora ninguém saiba como ela foi transmitida, pela primeira vez, a um ser humano, certamente não foi criada por cientistas em laboratório, pois inicialmente macacos selvagens na África apresentaram o vírus e doença, antes mesmo que humanos.

– A Mokeypox é uma doença nova?

Mito – O vírus da varíola dos macacos foi identificado pela primeira vez em 1958 em macacos (daí o nome), e os primeiros casos humanos foram documentados na década de 1970. Embora não seja uma infecção que ocorra naturalmente fora da África, a varíola dos macacos não era desconhecida do grande público, até agora.

– A Mokeypox é transmitida da mesma forma que a Covid-19?

Mito – Embora as formas de prevenção para ambas as doenças, sejam semelhantes, e gotículas de saliva e espirro possa transmitir ambas as doenças, no caso da Varíola dos Macacos a transmissão se dá por contato prolongado com lesões da doenças, por troca de fluidos corporais, como saliva, escarro, muco e outros, porém a Covid-19 é muito mais transmissível em ambientes fechados, se propagando pelo ar,  como qualquer virose respiratório, onde não há necessidade de contrato prolongado e exposição a múltiplos vírus.

– É falso que doença só se transmite entre gays e bissexuais?

Verdade – A Varíola dos Macacos pode ser transmitida a qualquer pessoa, independente de gênero, orientação sexual, pratica sexual e idade. Para isso, basta ter contato com outra pessoa doente, sendo este não dependente de contato sexual, apenas com atrito pele com pele, como um aperto de mão ou um toque nas costas e contato com fluidos corporais. Há também a possibilidade de contágio vertical, da mãe para o filho, durante a gestação.

– Quer dizer então, que os macacos não transmitem a doença?

Verdade – Apesar da doença ter recebido o nome de Varíola dos Macacos, mesmo os primeiros macacos doentes nos anos 50, não transmitiram a doença aos humanos que os monitoraram e hoje, a hipótese mais aceita pelos cientistas é que o reservatório natural sejam roedores, sendo que o vírus se adaptou para infectar roedores que posteriormente infectou humanos, por contato com fluidos corporais ou inalação de partículas, como fezes secas ao se varrer o chão.

– A Varíola dos Macacos é uma doença transmitida pelo sexo, hoje chamada de IST?

Mito – A transmissão da doença se dá por contato próximo e direto, principalmente quando se encostam a pele uma na outra, algo que ocorre na prática sexual, com exceção do sexo virtual, onde qualquer ato sexual envolverá o contato pele com pele, de alguma forma. Sabemos hoje que podemos encontrar o vírus Monkeypox no sêmen, fluido vaginal e anal, porém não é exclusivamente por ter o contato com esses fluidos, que a doença se transmite.

– Com base na resposta anterior, podemos concluir que o uso de camisinha não previne a doença?

Verdade – No caso da Varíola dos Macacos, mesmo que o ato sexual, envolva o uso do preservativo masculino ou feminino, haverá de alguma forma contato entre a pele das pessoas ou contato da pele com fluidos corporais. Basta pensar que em uma penetração anal ou vaginal, independente da posição sexual praticada, haverá contato da região pubiana com a pele do outro indivíduo, o que pode levar a uma transmissão da doença, por atrito. No caso, do sexo oral com preservativo, poderá haver contato da pele do indivíduo com a saliva do outro, no próprio ato ou no manuseio do preservativo, em algum momento, ou até mesmo contato com a pele da face.

– A doença se cura de forma espontânea após o seu ciclo de infecção?

Verdade – Hoje no Brasil, temos tanto a vacina quanto os principais medicamentos empregados no tratamento da Varíola dos Macacos, aprovados para uso de forma emergencial, ou seja, não se pode ir a uma farmácia ou drogaria e comprar um desses medicamentos ou se solicitar a vacina em um posto de saúde. 

Independente da questão brasileira envolvida, a doença tente a fazer seu ciclo no corpo humano terminando com a cicatrização das feridas na pele. Mesmo que não se empregue ao tratamento com retroviral ou vacina, a pessoa que não possui comorbidades e imunodeficiência / imunossupressão deverá evoluir para cura, ao longo de 2-4 semanas. Os cuidados clínicos para a varíola dos macacos são voltados para o alívio dos sintomas, além do gerenciamento de complicações e prevenção de sequelas a longo prazo.

– É verdade que a varíola dos macacos apresenta baixa letalidade?

Verdade – Existem dois grupos de vírus da varíola dos macacos: o da África Ocidental e o da Bacia do Congo (África Central).

As infecções humanas com o tipo de vírus da África Ocidental parecem causar doenças menos graves em comparação com o grupo viral da Bacia do Congo, com uma taxa de mortalidade de 3,6% em comparação com 10% para o da Bacia do Congo.

Segundo informações da Agência Brasil, divulgadas em 31 de agosto de 2022, o Brasil já contabiliza a 5.037 casos confirmados da doença, além de outros 5.391 suspeitas sob investigação, sendo que destes, apenas 3 casos de óbitos em todo o país.

– A vacina contra a varíola dos macacos é nova.

Mito – Nenhuma das vacinas usadas para prevenir a propagação da Varíola dos Macacos, no momento é nova. A ACAM2000, que foi criada para proteger pessoas com alto risco de contrair varíola, foi aprovada pela Food and Drug Administration (FDA) há 15 anos — em 2007. A ACAM2000 substituiu a Dryvax em 2008, que era uma vacina usada na erradicação global da varíola. E esta pode ser usada para prevenção e tratamento da Monkeypox.

Já a vacina de nome Jynneos, também conhecido como imvanex/imvamune, na Europa, foi aprovado para a prevenção da varíola e da Varíola dos Macacos há três anos – em 2019. Por isso se lembre: Até o momento, setembro de 2022, ainda não há no mundo, uma vacina que seja específica para Monkeypox, apenas vacinas contra Varíola humana que podem imunizar, proteger e tratar doentes de Varíola dos Macacos.

Por: Vinícius Lôbo – Farmacêutico Clínico – 05/09/2022.

Fonte:

– CNN; O que é mito e o que é verdade sobre a varíola dos macacos, Disponível em: https://www.cnnbrasil.com.br/saude/especialistas-contam-o-que-e-mito-e-o-que-e-verdade-sobre-a-variola-dos-macacos/

– The University of Texas – MD Anderson; 10 monkeypox myths you shouldn’t believe. Disponível em: https://www.mdanderson.org/cancerwise/10-monkeypox-myths-you-should-not-believe.h00-159542112.html

–  Centers for Disease Control and Prevention – CDC; Monkeypox. Disponível em: https://www.cdc.gov/poxvirus/monkeypox/index.html

– Agência Brasil; Notificação de casos da varíola dos macacos passa a ser obrigatória. Disponível em: https://agenciabrasil.ebc.com.br/saude/noticia/2022-09/notificacao-de-casos-da-variola-dos-macacos-passa-ser-obrigatoria

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