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Desde criança sempre gostei de ajudar e trabalhar com a saúde das pessoas, queria descobrir algo significativo que ajudasse as pessoas. Gosto muito de conversar, e nas drogarias que trabalhei comecei a me identificar com as pessoas mais velhas, que estavam sedentas por informações e atenção que muitas vezes não tinham em casa, ou no seu médico. Então decidi fazer uma especialização em gerontologia.
A gerontologia estuda o envelhecimento, o cuidado com a pessoa idosa, tanto social quanto físico. É pensar em uma sociedade que esteja mais preparada para essa parcela da população, que tem crescido muito e constantemente, e o farmacêutico pode atuar de várias maneiras, na pesquisa, elaborando algum medicamento, manipulando formas farmacêuticas mais adequadas para essa parcela da população e trabalhar em instituições onde poderá orientar tanto pacientes como equipe multidisciplinar para um melhor esquema de administração e fracionamento de medicamentos.
Ao pensarmos em como age, ou o que faz um farmacêutico gerontólogo, precisamos antes de tudo entender o que é envelhecer, necessitamos aprender a ficar velhos, e isso que ao me especializar em gerontologia comecei a ter percepção.
A nossa velhice é marcada pela senescência e a senilidade, senescência é a velhice própria mente dita, é a idade que chega, as mudanças normais da evolução do nosso organismo, alterações que nosso corpo vai sofrendo com o passar dos anos, sem nenhum mecanismo de doença reconhecido, o indivíduo consegue fazer seus afazeres normalmente, é o envelhecimento com cabelos brancos e rugas, já a senilidade, é um complemento da senescência, com algumas condições que acometem o individuo no decorrer da vida, como por exemplo as patologias. A senilidade são condições que comprometem a qualidade de vida de indivíduos que já chegaram a maturidade, mas pode não ser comum a todos.
Um farmacêutico com especialização em gerontologia busca explicar ao idoso que ser velho não é somente adoecer, ser velho é aproveitar as gerações que passaram e desfrutar as gerações que estão por vir.
Para isso é necessária uma escuta ativa do paciente idoso, e tentar fazê-lo entender melhor suas patologias, pois muitas vezes o idoso não tem a menor ideia de sua patologia dificultando assim a adesão ao seu tratamento.
Esse grupo de indivíduos usa por vezes uma média de três vezes mais medicamentos para tratamento de doenças crônicas relacionando com pessoas mais jovens, fato de sua senescência, mas há riscos de aparecerem como os problemas relacionados aos medicamentos e dentre eles as reações adversas.
Idosos se beneficiariam muito se houvesse a prevenção, a detecção e controle de problemas relacionados aos medicamentos (PRM), partindo de uma prática de atenção farmacêutica gerontológica, norteada pela Politica de saúde da pessoa idosa, onde o cuidado ao idoso exige uma abordagem global, interdisciplinar e multidimensional, promovendo sua autonomia, independência e autocuidado.
A atuação clínica do farmacêutico gerontólogo se justifica pelo alto risco que os idosos possuem em apresentar problemas relacionados ao uso de medicamentos, ele deve avaliar aspectos funcionais do idoso e fazer a identificação das reações adversas.
Existem poucos farmacêuticos gerontólogos, urge que a capacitação de farmacêuticos aumente para trilharmos um melhor caminho à promoção e uso racional de medicamentos na população idosa.
Dra. Andréa Pecce Bento
Farmacêutica Gerontóloga
Mestranda em Ciências e Tecnologias da Saúde pela Universidade de Brasília