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O vírus OROV pertencente ao gênero Orthobunyavirus, família Peribunyaviridae. Seu genoma é composto por RNA de fita simples, dividido em três segmentos. A replicação viral ocorre no citoplasma das células infectadas.
A doença causada pelo vírus OROV se apresenta como uma doença viral transmitida por mosquitos, com potencial para causar um quadro clínico debilitante.
A Febre Oropouche é uma doença infecciosa aguda. Sua transmissão ocorre através da picada de fêmeas infectadas de mosquitos, principalmente o Culicoidesparaenses, conhecido como maruim ou mosquito-pólvora e o Culex quinquefasciatus (pernilongo ou muriçoca), mas também o Aedes aegypti (mosquito da Dengue). O ciclo de transmissão envolve hospedeiros silvestres, como primatas e roedores, e humanos.
A replicação viral ocorre no intestino médio do mosquito após a ingestão de sangue viremiante. O vírus invade as glândulas salivares e se torna transmissível após cerca de 8 a 12 dias. A inoculação do vírus em humanos através da picada do mosquito leva ao início dos sintomas após um período de incubação de 3 a 14 dias, geralmente em torno de 5 a 7 dias.
O vírus que causa febre Oropouche é transmitido ao homem pela picada de mosquitos fêmeas que se alimenta de sangue. Ainda não foi documentada a transmissão direta de uma pessoa a outra.
SINTOMAS:
A Febre Oropouche apresenta um quadro clínico geralmente agudo e autolimitado, com sintomas que se manifestam de forma abrupta e podem durar de 5 a 14 dias.
Os principais sintomas incluem:
Febre alta: De início súbito, geralmente acima de 38°C, podendo ser acompanhada de calafrios.
Cefaleia intensa: Dor de cabeça forte e persistente, descrita como pulsátil ou latejante, descrita por ocorrer na região retro-orbital (atrás dos olhos).
Mialgia e Artralgia: Dores musculares e articulares difusas, podendo ser intensas e incapacitantes, levando a uma sensação geral de fraqueza e fadiga.
Exantema: Erupção cutânea na pele, geralmente maculosa ou papular, podendo ser pruriginosa (coceira) e se manifestar no tronco, membros superiores e inferiores.
Outros sintomas: Náuseas, vômitos, diarreia pode ocorrer, tontura, fotofobia (sensibilidade à luz), dor retro-ocular (intensificada com o movimento ocular) e linfadenopatia (inchaço dos gânglios linfáticos).
Alguns pacientes podem, ainda, apresentar sintomas respiratórios leves, como tosse e dor de garganta.
Em casos menos frequentes, a Febre Oropouche pode evoluir para formas mais graves, como meningoencefalite, mielite e síndrome de Guillain-Barré. Essas complicações podem levar a sequelas neurológicas e incluso óbito.
Entretanto, a Febre Oropouche geralmente tem um curso benigno, com recuperação completa na maioria dos casos, após 2 semanas.
DIAGNÓSTICO:
O diagnóstico da Febre Oropouche é realizado através diferenciação clínica e confirmação por exames laboratoriais:
Sorologia:
- Detecção de anticorpos IgM e IgG específicos para Oropouche vírus no soro dos pacientes.
RT-PCR:
- Reação em cadeia da polimerase com transcriptase reversa para detecção do RNA viral no sangue.
Isolamento Viral: (Menos comum)
- Cultura do vírus em células apropriadas a partir de amostras de sangue.
TRATAMENTO:
Não há tratamento antiviral específico para a Febre Oropouche ou uma vacina. O tratamento do doente é sintomático e de suporte, incluindo antipiréticos para febre, analgésicos para dor e hidratação adequada.
Diferentemente da Dengue, não há registro de contraindicação do uso de AINES para o tratamento sintomático.
PREVENÇÃO:
A principal medida de prevenção contra a Febre Oropouche é o controle dos mosquitos vetores, por meio de sua eliminação da eliminação de seus criadouros e da utilização de medidas de proteção individual, como:
- Repelentes: Aplicar repelentes contendo DEET, IR3535 ou icaridina nas áreas expostas da pele.
- Roupas: Usar roupas claras, compridas e mangas compridas.
- Telas: Utilizar telas em portas e janelas para impedir a entrada dos mosquitos.
- Eliminação de criadouros: Eliminar os criadouros dos mosquitos, como água parada em recipientes, pneus velhos e outros que acumulem água parada.
Em 2024, a Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS) emitiu um alerta sobre o aumento de casos de Febre Oropouche em alguns países da América Latina, incluindo o Brasil.
Fonte: Saúde do Viajante – 2017 https://www.saudedoviajante.pr.gov.br/Noticia/Casos-de-Virus-Oropouche
imagem do início do artigo: Farmacêuticos do Cerrado- Vinícius Lobo
REFERÊNCIA
– MINISTÉRIO DA SAÚDE. Febre Oropouche. Disponível em: https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/saude-de-a-a-z/f/oropouche. Acesso em: 24 jul. 2024.
– MINISTÉRIO DA SAÚDE. Notas Técnicas sobre Febre Oropouche. Disponível em: https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/saude-de-a-a-z/f/notas-tecnicas. Acesso em: 24 jul. 2024.
– MARTELLI, A., et al. (2020). Oropouche virus: A comprehensive overview of its virology, pathogenesis, and clinical aspects. Viruses, 12(10), 1174. https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC4403474/
– FIOCRUZ. Fiocruz becomes reference in Oropouche virus detection protocol. Disponível em: https://portal.fiocruz.br/en/news/fiocruz-becomes-reference-oropouche-virus-detection-protocol. Acesso em: 24 jul. 2024.
– VASCONCELOS, P. C., et al. (2018). Oropouche virus: A review of its epidemiology, pathogenesis, and clinical presentation. Brazilian Journal of Infectious Diseases, 22(2), 119-134. https://patua.iec.gov.br/handle/iec/974
– OLIVEIRA, E. C., & Figueiredo, L. A. (2018). Arboviroses no Brasil. Rio de Janeiro: Editora FIOCRUZ.
Fonte: Saúde do Viajante – 2017 https://www.saudedoviajante.pr.gov.br/Noticia/Casos-de-Virus-Oropouche