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A hepatite E resulta da infecção pelo vírus da hepatite E (VHE), é transmitida de pessoa a pessoa, através da água e de alimentos contaminados com matéria fecal, e já foi responsável por grandes epidemias no centro e sudeste da Ásia, no norte e oeste de África e na América Central.
No mundo industrializado, o vírus quase não existe, onde a doença escasseia e apenas se manifesta em indivíduos que tenham estado em regiões tropicais endêmicas.
Doença viral aguda e autolimitada. Apresenta curso benigno, embora tenham sido descritos casos, principalmente em gestantes, com evolução para a forma fulminante. Apresenta-se de forma assintomática (usualmente em crianças) ou com sintomas semelhantes à Hepatite A, sendo a icterícia observada na maioria dos pacientes.
A hepatite E aguda, pode chegar a produzir inflamação e necrose do fígado. Uma pessoa infectada com o vírus pode ou não desenvolver a doença. A infecção confere imunidade permanente contra a doença. A hepatite E ocorre mais comumente em países onde a infraestrutura de saneamento básico é deficiente e ainda não existem vacinas disponíveis.
O VÍRUS DA HEPATITE E
O VHE é composto inteiramente por ácido ribonucleico (ARN) e proteína vírica e tem um diâmetro de 27 a 34 nm. Descoberto em 1988, foi primeiro classificado na família dos calicivírus mas, atualmente, existem dúvidas sobre a sua classificação.
O VHE é mais comum em locais com climas quentes do que temperados e, devido à sua forma de propagação, o maior de infecção encontra-se nos países em desenvolvimento com sistemas de saneamento básico precários. Além da Índia, onde foi descoberto, já foi detectado no médio e extremo Oriente, no norte e oeste de África, nas repúblicas centrais da ex-União Soviética, na China e também na América Central.
No Brasil não existem relatos de epidemias causadas pelo vírus da hepatite E. Os dados disponíveis são escassos e incompletos, embora demonstrem a ocorrência da infecção. A infecção foi detectada em vários estados brasileiros, através de métodos sorológicos. Na Bahia, em 1993, em 701 pessoas, detectou-se reatividade para o vírus da hepatite E em 2% de doadores de sangue, em 25% de portadores de hepatite A.
TRASMISSÃO:
O ser humano parece ser o hospedeiro natural do vírus da hepatite E, embora haja possibilidade de um reservatório animal (o vírus já foi isolado em porcos e ratos) e seja possível a infecção experimental de macacos.
A transmissão do vírus ocorre principalmente através da ingestão de água contaminada, o que o pode determinar a ocorrência de casos isolados e epidemias.
As epidemias em geral acometem mais adolescentes e adultos jovens (entre 15 e 40 anos).
A transmissão entre as pessoas que residem no mesmo domicílio é incomum.
O período de transmissibilidade ainda não está bem definido. Sabe-se que 30 dias após uma pessoa ser infectada, desenvolvendo ou não as manifestações da doença, o vírus passa a ser eliminado nas fezes.
O período de incubação da doença Varia de 14 a 60 dias (média de 42 dias).
SINTOMAS
A infecção pelo vírus da hepatite E pode ou não resultar em doença. As manifestações, quando surgem, podem ocorrer de 15 a 60 dias.
Os sintomas típicos, entre os jovens e os adultos, dos 15 aos 40 anos, são a icterícia (que pode manter-se durante várias semanas), falta de apetite, náuseas, vômitos, febre, dores abdominais, aumento do volume do fígado e mal-estar geral. As crianças, geralmente, não apresentam quaisquer sintomas.
DIAGNÓSTICO
Apenas com os aspectos clínicos não é possível identificar o agente etiológico VHE, sendo necessária a realização de exames sorológicos.
Os exames laboratoriais inespecíficos incluem as dosagens de transaminases – ALT/TGP e AST/TGO – que denunciam lesão do parênquima hepático. Nas formas agudas, chegam a atingir, habitualmente, valores ate 25 a 100 vezes acima do normal. As bilirrubinas são elevadas e o tempo de protrombina pode estar diminuído (TP>17s ou INR>1,5), indicando gravidade.
A confirmação da doença é feita através de exames sorológicos. Os métodos mais utilizados são o ELISA, imunofluorescência e PCR para detectar VHE RNA no soro e fezes. A pesquisa de anticorpos IgM contra o vírus da hepatite E no sangue se reativa, indica infecção recente.
Os exames específicos são para detecção dos marcadores sorológicos:
Anti-HEV IgM (marcador de infecção aguda) – Anticorpo específico para Hepatite E encontrado no soro de todos os indivíduos infectados recentemente. Torna-se positivo no início do quadro clínico desaparecendo apos três meses.
Anti-HEV IgG (marcador de infecção passada) – Anticorpo indicativo de infecção passada pelo vírus da Hepatite E. Está presente na fase de convalescência e persiste indefinidamente.
TRATAMENTO
A hepatite E não tem tratamento específico. As medidas terapêuticas visam reduzir a intensidade dos sintomas. No período inicial da doença está indicado repouso relativo, e a volta às atividades deve ser gradual. As bebidas alcoólicas devem ser abolidas. Os alimentos podem ser ingeridos de acordo com o apetite e a aceitação da pessoa, não havendo necessidade de dietas.
A hepatite E, não deve ser tratada com antibióticos. As infecções são, em geral, limitadas e, normalmente, não é necessária hospitalização, exceto em caso de hepatite fulminante.
A recuperação é completa, e o vírus é totalmente eliminado do organismo. Não há desenvolvimento de doença hepática crônica ou estado de portador crônico do vírus.
REFERÊNCIAS:
– Departamento de Vigilância, Prevenção e Controle das IST, do HIV/Aids e das Hepatites Virais [Hepatite E]. disponível em: http://www.aids.gov.br/pagina/hepatite-e
– Roche [Hepatite E]. Disponível em: http://www.roche.pt/hepatites/hepatitee/index.cfm
– MedicinaNet [Hepatite E: Aspectos clínicos e epidemiológicos]. Disponível em: http://medicinanet.com.br/conteudos/revisoes/1775/hepatite_e.htm
– CIVES – Centro de Informação em Saúde para Viajantes [Hepatite E]. Disponível em: http://www.cives.ufrj.br/informacao/hepatite/hepE-iv.html