Doenças virais: Hepatite C

Doenças virais: Hepatite C

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É uma inflamação do fígado provocada por um vírus, que quando crônica, pode conduzir à cirrose, insuficiência hepática e câncer do fígado. Durante vários anos foi conhecida sob a designação de hepatite não-A e não-B, até ser identificado, em 1989, o agente infeccioso que a provoca e se transmite, sobretudo, por via sanguínea.

Hepatite C é a inflamação do fígado causada pela infecção pelo vírus da hepatite C (VHC ou HCV), transmitido através do contato com sangue contaminado. Estima-se que cerca de 3% da população mundial, 170 milhões de pessoas, sejam portadores de hepatite C crônica. É atualmente a principal causa de transplante hepático em países desenvolvidos e responsável por 60% das hepatopatias crônicas. No Brasil, em doadores de sangue, a incidência da hepatite C é de cerca de 1,2%, com diferenças regionais.

A hepatite C apresenta duas características importantes: a primeira é o fato de tratar-se de uma infecção que pode permanecer assintomática até fases avançadas. A destruição do fígado ocorre lentamente, e, às vezes, os sintomas só surgem 20 anos depois da contaminação. A maioria dos pacientes infectados pelo vírus C não suspeita de tal fato.

O segundo dado que merece menção é o fato de que até o final da década de 1980 não sabíamos que o HCV existia, e como tal, as bolsas para transfusão sanguíneas não eram testadas para esse vírus. 

O resultado é que hoje encontramos milhares de pacientes portadores de hepatite C em fase avançada da doença, que foram inadvertidamente contaminados há 2 ou 3 décadas. Estima-se que até 10% das bolsas de sangue durante a década de 1980 estavam contaminadas com hepatite C.

Existem seis genótipos de vírus denominados de 1 a 6 sendo o genótipo 1 o mais comum e o mais difícil de tratar.

TRANSMISSÃO DA DOENÇA

O principal meio de transmissão da hepatite C é através da exposição a sangue contaminado.

No início da década de 1990 os doadores de sangue passaram a ser testados para hepatite C. Desde então, a transfusão sanguínea deixou de ser a principal via de transmissão. Atualmente, a taxa de contaminação pela hepatite C através de transfusão de sangue é de apenas 1 caso para cada 1.9 milhões de transfusões. Portanto, a quase totalidade dos casos de hepatite C de origem transfusional ainda vistos hoje em dia tiveram origem nas décadas passadas.

Nos dias atuais, a principal via de contaminação é pelo uso de drogas injetáveis com compartilhamento de agulhas entre os usuários.

A hepatite C também pode ser transmitida pela via sexual, apesar do risco ser bem mais baixo do que o da hepatite B, HIV ou outras DST

Se pela via sexual o HIV é mais contagioso, pelo contato sanguíneo, o vírus C é bem mais perigoso. Orienta-se inclusive a não se partilhar escova de dentes ou aparelhos de barbear pelo risco de transmissão com pequenos volumes de sangue.

Outras vias de transmissão menos comuns são através do transplante de órgãos de doadores infectados, hemodiálise, acidentes em ambientes hospitalares, tatuagem, body piercing e transmissão perinatal.

SINTOMAS

A hepatite C muitas vezes fica assintomática durante alguns anos. Passados 20 a 30 anos, a infecção crônica pode levar à cirrose do fígado, à insuficiência hepática ou ao câncer do fígado. Cerca de 15% das pessoas acometidas apresentam sintomas agudos, os quais, no entanto, são pouco intensos e imprecisos: falta de apetite, fadiga, náuseas, dores musculares ou nas articulações e perda de peso. Em alguns casos a infecção pode desaparecer por si só, o que ocorre com mais frequência em indivíduos jovens do sexo feminino. 

A maioria das pessoas expostas ao vírus contraem uma infecção crônica. Durante anos os infectados não notam qualquer sintoma. Às vezes há uma ligeira fadiga, dificilmente atribuível à doença. Outros sintomas que podem ocorrer, com a característica de que às vezes passam desapercebidos ou são atribuídos a outras causas, são: dor abdominal ligeira, urina escura, febre, prurido, icterícia, inapetência, náuseas, fezes pálidas e vômitos, entre outros. A cirrose e câncer do fígado desenvolvem-se mais frequente entre alcoolistas e em indivíduos do sexo masculino.

DIAGNÓSTICO

O principal método diagnóstico para a hepatite C continua sendo a sorologia para anti-HCV pelo método ELISA, sendo que a terceira geração deste exame, o ELISA III, tem sensibilidade e especificidades superiores a 95% (com valor preditivo positivo superior a 95%). Após a infecção, o exame torna-se positivo entre 20 e 150 dias (média 50 dias). Pela alta confiança do exame, o uso de sorologia por outro método (RIBA) só deve ser utilizado em suspeitas de ELISA falso positivo (pessoas sem nenhum fator de risco). O resultado falso positivo é mais comum em portadores de doenças autoimunes com auto-anticorpos circulantes, além de indivíduos que tiveram hepatite C aguda, que curaram espontaneamente mas que mantêm a sorologia positiva por várias semanas. Por outro lado, o exame também pode ser falso negativo em pacientes com sistema imunológico comprometido.

O segundo método de escolha é a detecção do RNA do vírus no sangue, que já é encontrado em 7 a 21 dias após a infecção. Há vários métodos, sendo que o PCR qualitativo é o mais sensível (detecta até quantidades mínimas como 50 cópias/mL) e o PCR quantitativo é menos sensível (apenas acima de 1.000 cópias/mL), mas informa uma estimativa da quantidade do vírus circulante. Pelas definições da Organização Mundial de Saúde, pessoas com mais de 800.000 UI/mL (cópias/mL) são consideradas como portadoras de título alto e, as com menos, portadores de título baixo.

TRATAMENTO

O tratamento da hepatite tem como objetivo evitar a progressão da infecção para cirrose e falência hepática. Como a maioria dos pacientes não evoluiu para este estado, historicamente, nem todos os portadores do vírus C acabavam tendo indicação para receberem tratamento.

Com a introdução de uma nova gama de antivirais, tais como o Ledipasvir, Sofosbuvir, Ombitasvir, Paritaprevir, Ritonavir, Dasabuvir, Velpatasvir e Simeprevir, o tratamento da hepatite C sofreu uma revolução. O tratamento com essas novas drogas acarreta em elevada taxa de cura da hepatite C, com um perfil de efeitos colaterais muito mais benigno que os tratamentos antigos, à base de Interferon. Por isso, o número de pacientes aptos a receber tratamento aumentou significativamente.

Atualmente, o tratamento da hepatite C costuma ser feito da seguinte forma:

  • Hepatite C  genótipo 1 – Ledipasvir + Sofosbuvir ou Sofosbuvir-Velpatasvir por 12 semanas.
  • Hepatite C  genótipo 2 – Sofosbuvir-Velpatasvir por 12 semanas.
  • Hepatite C  genótipo 3 – Sofosbuvir-Velpatasvir por 12 semanas (com adição de rivabirina em algumas situações).

O objetivo do tratamento é eliminar o HCV da circulação. É considerada cura da hepatite C quando o vírus continua indetectável no sangue 6 meses após o fim do tratamento. Atualmente, a chance de cura do vírus hepatite C é superior a 90%, principalmente para aqueles pacientes que nunca foram tratados com o regime anterior, que continha Interferon. Porém, mesmo os pacientes mais antigos, que foram tratados e não tiveram resposta aos tratamentos anteriores , ainda têm grande chance de cura com o novo esquema de antivirais.

REFERÊNCIAS

– Departamento de Vigilância, Prevenção e Controle das IST, do HIV/Aids e das Hepatites Virais [Hepatite C]. Disponível em: http://www.aids.gov.br/pagina/hepatite-c

– MD. Saúde [Hepatite C: Sintomas, transmissão e tratamento]. Disponível em: www.mdsaude.com/2009/10/hepatite-c.html

– Hepcentro – Hepatilogia Médica [Hepatite C]. Disponível em: http://www.hepcentro.com.br/hepatite_c.htm

– Roche [O que é a Hepatite C]. Disponível em: http://www.roche.pt/hepatites/hepatitec/index.cfm

– ABC Med [Hepatite C: O que é]. Disponível em: http://www.abc.med.br/p/sinais.-sintomas-e-doencas/520597/hepatite+c+o+que+e+quais+as+causas+e+os+sintomas+como+sao+feitos+o+diagnostico+e+o+tratamento+existem+complicacoes+da+doenca+como+evita+la.htm

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